A vida de Ana Joaquina Jansen Pereira, conhecida como a famosa “Donana, a rainha do Maranhão”, mesmo após um século e meio depois de sua morte, sua história ainda continua despertando interesse de historiadores, jornalistas e curiosos.

Um documento inédito encontrando por um historiador maranhense revela as circunstâncias da morte de Ana Augusta Jansen Ferreira, filha da lendária Rainha do Maranhão com o rico comerciante português, Coronel Isidoro Rodrigues Pereira.

Segundo o historiador maranhense, Euges Lima, presidente o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), Ana Augusta casou-se aos 18 anos, com o Dr. Manoel Jansen Ferreira, seu primo, unindo, portanto, os dois mais poderosos ramos dos Jansen no Maranhão. Euges Lima revela que a filha de Ana Jansen deixou 11 filhos e faleceu aos 33 anos, em 1857, 24 horas após dar à luz o seu último filho, em decorrência de complicações pós-parto, mesmo depois de todos os esforços de uma junta composta dos cinco melhores médicos de São Luís para salvá-la. Seu corpo está sepultado na entrada da Capela Bom Jesus dos Navegantes na Igreja de Santo Antônio, Centro.  “Pesquisando em Jornais do período sobre Ana Jansen, encontrei um detalhado texto publicado a pedido no jornal “A Imprensa” de outubro de 1857, narrando esse trágico acontecimento que certamente casou muito sofrimento à “Rainha do Maranhão” e abalou toda sua família. Até então não se sabia detalhes e maiores informações sobre o falecimento de Ana Augusta Jansen Ferreira. Dunshee de Abranches registra no seu livro O Cativeiro, 1941, como foi seu casamento em pleno período da Balaiada: “ […] naquele dia 15 de janeiro de 1839, realizara o casamento de suas duas filhas Ana Augusta e Ângela Isidora com o Dr. Manoel Jansen Ferreira e Inácio de Sousa Machado[…].”, escreveu o historiador em sua página no Facebook.  

Túmulo onde estão enterrados os restos mortais da Família de Ana Jansen, na Capela de Bom Jesus dos Navegantes, Centro de São Luís

Ana Joaquina Jansen Pereira


Embora descendente da nobreza européia, Ana Jansen tem uma juventude sofrida. Mãe solteira, luta para manter a mãe e o filho pequeno. Sua situação melhora aos poucos, depois que se torna amante do coronel Izidoro Rodrigues Pereira, o homem mais rico da província.

Esse relacionamento escuso transforma Ana Jansen num alvo fácil para a sociedade moralista da época, personificada acima de tudo por sua maior inimiga: dona Rosalina Ribeiro. Izidoro assume oficialmente a relação com Ana depois da morte de sua esposa, dona Vicência. O casal permanece junto por quinze anos até a morte de Izidoro, que deixa mais seis filhos para a heroína.

O principal motor psicológico da personagem Ana Jansen é o desejo de resgatar o nome e o prestígio de sua família, achincalhado depois da falência de seu avô, Cornélio Jansen Müller. Após a morte de Izidoro, Ana dá um largo passo em direção a este sonho, tornando-se rica, independente e poderosa.

Ela assume a fazenda Santo Antônio, propriedade do falecido coronel e, logo, consegue triplicar a fortuna herdada. Perseverante e ambiciosa, Ana transforma o dinheiro em poder, assumindo a liderança política da cidade e reativando o esfacelado partido liberal Bem-te-Vi. Cada vez mais, Ana é mal falada pelas mulheres maranhenses e odiada pelos inimigos políticos (ressaltando-se sua rivalidade com o Comendador Meireles, líder do partido conservador). Mas seu temperamento forte e sua capacidade de liderança alcançam a corte de D. Pedro II e ela passa a ser chamada, informalmente, de “Rainha do Maranhão”.

Depois da morte de Izidoro, Ana se torna amante do Desembargador Francisco Vieira de Melo, com quem tem mais quatro filhos. Mais tarde, já aos sessenta anos, casa-se pela segunda vez com o comerciante paraense Antônio Xavier.

Depois de morta, Ana tem sua memória maculada pelos inimigos que a transformam em uma alma penada, em uma bruxa maldita que percorre as ruas de São Luís puxando um cortejo de escravos mutilados.

Resumo da Lenda:

A lenda mais popular de São Luís. Reza que Ana Jansen, mulher rica, poderosa e, segundo alguns, muito malvada com seus escravos, teria sido condenada a pagar seus pecados vagando eternamente pelas ruas da cidade numa carruagem encantada. O coche maldito parte do cemitério do Gavião, em noites de quinta pra sexta-feira, e ai de quem encontrá-lo pelo caminho. Ao incauto, Ana Jansen oferece uma vela acesa que, na manhã seguinte, estará transformada em osso de defunto. Um escravo sem cabeça conduz a carruagem, puxada por cavalos também decapitados.