Vereadores do Podemos entram na mira da Polícia Federal por supostas candidaturas fictícias para desviar recursos do fundo eleitoral
Fraudes eleitorais envolvendo candidaturas fictícias voltam a abalar o cenário político de São Luís. Desta vez, uma operação da Polícia Federal revelou um esquema de desvio de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), com a suposta participação de vereadores eleitos pelo Podemos. A investigação aponta que mulheres foram lançadas como candidatas apenas para preencher a cota de gênero exigida por lei, mas sem campanha real, servindo como fachada para desviar dinheiro público.
Para coibir essa prática a PF desencadeou, na última quarta-feira (14), a Operação Malversador, com o objetivo de desarticular um esquema criminoso envolvendo candidaturas fictícias utilizadas para desviar recursos do FEFC durante as eleições municipais de 2024, em São Luís. A investigação teve início após uma notícia-crime denunciar a atuação de uma organização criminosa no processo eleitoral. Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão.
Entre os alvos da operação está a residência do empresário Kleber Moreira Neto, proprietário da KM Produções e Eventos. O nome dele aparece nas investigações relacionadas a denúncias contra o partido Podemos e os vereadores eleitos Fábio Filho, Raimundo Júnior e Wendel Martins, todos diplomados pela legenda.
Documentação falsa
Segundo apurações da PF, o grupo utilizou documentos falsos para viabilizar o desvio de recursos públicos. Um dos casos mais emblemáticos envolve uma candidata identificada como “laranja”, que recebeu R$ 300 mil do fundo eleitoral e obteve apenas 18 votos — um custo médio de R$ 16.666,67 por voto, número que escancara a possibilidade de fraude. A candidatura teria sido simulada para atender à exigência da cota de gênero e permitir o repasse indevido de verbas públicas.
Para concretizar o esquema, foram empregadas empresas de fachada, contratos falsos, notas fiscais superfaturadas e documentos inidôneos. Um dos papéis apreendidos revela a aquisição fraudulenta de mais de 1 milhão de santinhos, 50 mil bottons e 300 adesivos automotivos vinculados à suposta candidata fictícia.