Durante interrogatório no STF, Pastor Gil diz ser inocente e joga culpa no agiota já falecido “Pacovan”

Os deputados do PL Josimar Maranhãozinho (MA) e Pastor Gil (MA), e o suplente Bosco Costa (SE) afirmaram que as denúncias de desvio de emendas realizadas contra eles pela PGR (Procuradoria Geral da República) são infundadas. As declarações foram dadas durante interrogatório realizado na 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta 5ª feira (28.ago.2025).
A PGR havia denunciado os 3 congressistas e outros 5 envolvidos em setembro de 2024 por corrupção passiva e organização criminosa. A denúncia foi feita a partir de um relatório da PF (Polícia Federal), que investigou o desvio de emendas em 2021.
Segundo a denúncia, os políticos teriam destinado verbas para a cidade de São José do Ribamar (MA), e depois pressionado a prefeitura a destinar R$ 1,6 milhão do valor de volta para eles. A PF encontrou um documento na casa de um dos investigados com nomes de outros envolvidos e os percentuais do que possivelmente receberiam.
O 1º deputado a ser interrogado foi Josimar Maranhãozinho, apontado como líder do esquema. O congressista optou por ficar em silêncio. Sua defesa argumentou que o relatório que fundamentou a denúncia havia sido produzido a partir da apreensão do celular de um terceiro, com mensagens de 5 anos atrás. Segundo os seus advogados, eles não tiveram acesso ao material produzido.
Em seguida, Pastor Gil foi interrogado. Ele declarou que a denúncia é “completamente falsa”, e que havia repassado emendas à cidade de Ribamar porque havia sido “eleito pelas igrejas”. De acordo com o deputado, ele obteve cerca de 2.000 votos no município. Como aquele era o seu 1º mandato e ele não conhecia nenhum prefeito, decidiu apoiar os pastores das igrejas. Gil declarou que havia embargos da prefeitura contra um projeto de construção dos centros, e pensou que os recursos poderiam “facilitar essas questões”.
Com relação à liberação de emendas, o deputado Gil negou que alguma vez teria cobrado dinheiro pela destinação de verba, e nem sabe de um comportamento similar por parte de Maranhãozinho.
Ambos também foram questionados sobre um documento encontrado na casa de um dos denunciados que mencionava um suposto pagamento a eles. Segundo o Pastor Gil, a explicação está no “perfil de Pacovan”, que “usa o nome de outras pessoas” e era “mentiroso”, para o parlamentar, seu nome teria sido usado por engano.
“Então, eu posso dizer que isso aqui é um lixo, que é uma coisa falsa, que alguém fez. Eu não fiz aquilo, não tem nada meu. Isso aqui foi algo que usaram meu nome. Agora, alguém pegar isso aqui e me acusar, sem ter nada meu que comprove isso aqui, é uma leviandade”, afirmou.
QUEM ERA PACOVAN CITADO POR PASTOR GIL?
Pacovan, cujo nome verdadeiro era Josival Cavalcanti da Silva , era um empresário e agiota maranhense que foi morto a tiros em junho de 2024, em Zé Doca, após um desvio de dinheiro de sua ex-sócia. Ele era conhecido por comandar esquemas de agiotagem nas prefeituras do Maranhão, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos, o que levou a ser investigado e até preso anteriormente.