Flávio Dino rebate críticas sobre uso de delação no caso Marielle
O ex-governador do Maranhão e ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, rebateu nesta quarta-feira (26) as críticas sobre o uso de delação premiada nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e de seu motorista, Anderson Gomes. Segundo Dino, a Polícia Federal (PF) buscou provas de corroboração além das afirmações do ex-policial militar Élcio de Queiroz.
“Nós temos uma orientação clara. A Polícia Federal, que trabalha com independência técnica, tem todos os cuidados legais para garantir uma investigação bem feita, [que] indica que só há revelação do conteúdo de uma delação ou colaboração quando há a chamada prova de confirmação ou corroboração”, disse o ministro.
“A partir da narrativa de um dos autores, que é o senhor Élcio, há a produção de outras provas, que confirmam aquilo que ele está narrando, afirmando. A Polícia Federal e o Ministério Público trabalham com outros anexos à delação”, afirmou Dino, declarando que não há interferência política na investigação do caso.
Na delação, Élcio confessou participação na morte da vereadora Marielle e afirmou que a execução foi feita pelo policial militar Ronnie Lessa, além de relatar a participação do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa.
O uso da delação premiada foi questionado por políticos próximos a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao longo da operação Lava Jato. Nesta semana, depois das informações sobre a delação de Élcio de Queiroz, opositores questionaram o uso do dispositivo.
O ex-deputado e ex-procurador da República Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-chefe da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, ironizou o caso em seu perfil no Twitter e indagou se delação passou a ser considerada prova.
“Até ontem, o PGR estava desdenunciando e o STF desrecebendo denúncias adoidado contra corruptos sob o fundamento de que apenas a delação não é suficiente. Alguma lei deve ter mudado. Ou o que mudou foi a capa dos autos?”, publicou Dallagnol.
Para Sérgio Moro, a nova postura do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), a respeito do instituto da delação premiada:
“A colaboração premiada, apesar de demonizada pelo PT, revelou as roubalheiras na Petrobras durante o Governo Lula, e agora é invocada pelo PT para confirmar o que já sabíamos, que Lessa é o suspeito do assassinato de Marielle. Espero que cheguem no mandante e mordam a língua ao criticarem métodos modernos de investigação”.